sábado, 21 de julho de 2012

Negar a Cristo, eu Pedro?


       Os evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João) registram um doloroso episódio na vida de um dos mais proeminentes servos de Deus da história da Igreja, o apóstolo Pedro. Olhando para o quadro geral da negação de Pedro a Cristo, podemos constatar que o problema começa a se delinear quando da declaração irrefletida de Pedro dizendo que por hipótese nenhuma abandonaria a Cristo e, inclusive, que daria a sua vida por ele. Essa declaração, sem uma avaliação da fragilidade da natureza humana, foi feita quando o Salvador citando uma profecia da Palavra de Deus disse que, ferido o pastor as ovelhas se dispersariam, fazendo menção a sua prisão, sofrimento e morte que se aproximavam, e o consequente abandono dos seus naquela fase mais difícil de sua vida. “E disse-lhes Jesus: Todos vós esta noite vos escandalizareis em mim, porque escrito está: Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão... E disse-lhe Pedro: Ainda que todos se escandalizem, nunca, porém, eu. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás. Mas ele disse com mais veemência: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo nenhum te negarei...” Mc 14.27-31.
     Comecemos falando sobre o que é negar. Negar, segundo o dicionário Larousse, é, dentre outras coisas: Não admitir a existência ou a veracidade de; Repudiar, Trair; Recusar; Contradizer, desmentir.
    Pedro ante uma situação embaraçosa, diante de duas criadas, negou que conhecia a Jesus, e diante de um servo do sumo sacerdote israelita quando ele perguntou
se ele não era um daqueles que estavam no Getsêmani quando Jesus foi preso, sendo essa última negação misturada com praguejamento.
      Extraímos do episódio como um todo pelo menos três lições para as nossas vidas. A primeira delas é sobre a fragilidade do ser humano, mesmo tendo bons propósitos no coração. Nós somos mais frágeis do que pensamos. Não há força em nós mesmos para nos mantermos fiéis ao Senhor diante de situação embaraçosa, especialmente, se houver possiblidade de experimentarmos sofrimento. Se Deus não estiver ao nosso lado, com certeza, cairemos fragorosamente. “Porque sem mim nada podeis fazer”.
       Segunda, o arrependimento de nossos erros e pecados é o caminho da restauração. A Bíblia nos diz que na terceira negação de Pedro, o Senhor Jesus olhou para ele, e Pedro caiu em si, e viu o pecado que  cometera negando o seu Senhor, o seu Salvador, o seu Deus, o seu amigo, aquele com quem passara três anos de profunda comunhão, inclusive gozando de  certos privilégios que a maioria do colégio apostólico não tivera (presenciar a transfiguração de Cristo, a ressurreição da filha de Jairo, e a agonia do Senhor no Getsêmani). O texto nos diz que Pedro ao lembrar-se das palavras de Jesus saiu daquele local chorando amargamente. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” 1 Jo 1.9.
    Terceira, a abundante graça de Deus dispensada aos seus filhos que se arrependem. No capitulo 21 do evangelho de João, o Senhor Jesus tratou a alma de Pedro, de uma forma graciosa. Jesus perguntou três vezes a Pedro se ele o amava. (Será que foi porque Pedro o negara três vezes?). Na terceira vez Jesus, de forma mais intensa, fez a mesma pergunta e ali Pedro, quebrado diante do Senhor, foi restaurado plenamente. Vemos o resultado dessa restauração nos capítulos 1 a 12 de Atos dos Apóstolos e nas duas cartas de Pedro. “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim” Lm 3.22.          
 Pr. Eudes Lopes Cavalcanti

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