Sardes, atual Sart na
Turquia, era na época duas cidades daí o nome Sardes (plural), sendo uma localizada
num monte com uma encosta íngreme onde estava a fortaleza e a outra ao pé desse
monte numa planície, sendo esta mais desenvolvida e rica devido estar
localizada também na rota comercial daquela parte da Ásia Menor. O personagem
Cresus, famoso pela sua fortuna, estava associado a essa importante cidade.
A Igreja nessa cidade estava praticamente
envolvida com a cultura pecaminosa da cidade, só umas poucas pessoas dentro
dela vivia realmente o evangelho na sua plenitude, o restante tinha contaminado
as suas vestes.
O Senhor Jesus se apresenta a essa igreja
como aquele que tinha os sete Espíritos e as sete estrelas. “E ao anjo da igreja que está em Sardes
escreve: Isto diz o que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas”
Ap 3.1a. Nessa apresentação de Jesus, os sete Espirito quer dizer o Espirito de
Deus em sua plenitude, pois o número sete no Apocalipse significa a coisa
completa, em sua plenitude, ou ainda, em sua sete manifestações, como
explicitado em Isaías 11.2. As sete estrelas que estão nas mãos de Jesus são os
pastores da Igreja (pastores e presbíteros), responsáveis por ela diante do
Senhor. (Veja Ap 1.20; At 20.28; 1 Pe 5.1-4).
O resultado da análise que Jesus fez da
igreja de Sardes não é muito positivo. Ele disse que ela tinha nome de quem vivia,
mas estava morta. Só umas poucas pessoas da Igreja não tinham se comprometido
com o mundo da época. “Eu sei as tuas
obras, que tens nome de que vives e estás morto” Ap 3.1b. “Mas
também tens em Sardes algumas pessoas que não contaminaram suas vestes e comigo
andarão de branco, porquanto são dignas disso” Ap 3.4. O mundo tinha
entrado na igreja e o testemunho dos crentes não era eficaz, é por isso que
Jesus fala sobre o Espírito Santo, pois é Ele quem dá vida a Igreja, renova,
rejuvenesce.
Depois da identificação
de pontos positivos e negativos da Igreja, Jesus faz uma gravíssima advertência
a ela e a chama ao arrependimento sob pena de vir contra ela numa hora que ela
não espera para puni-la pelos seus pecados. “Sê vigilante e confirma o restante que estava para morrer, porque não
achei as tuas obras perfeitas diante de Deus. Lembra-te, pois, do que tens
recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. E, se não vigiares, virei sobre
ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei” Ap 3.2,3. Nessa
advertência o Senhor Jesus fala sobre vigilância,
confirmar o restante, lembrar-se do que tem recebido e ouvido e
procurar guardar os ensinamentos da Palavra de Deus. Ele fala também do arrependimento, do retorno a Deus.
Depois, o Senhor Jesus faz uma promessa ao
vencedor: “O que vencer será vestido de
vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e
confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos” Ap 3.5. O vencedor será vestido de vestes brancas,
símbolo da pureza produzida pelo poder do sangue do Cordeiro, e terá o seu nome
confirmado no livro da vida, e diante do Pai e dos anjos o nome dele será pronunciado.
Aparentemente a expressão “e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do
livro da vida”, pode dar a impressão de que o crente pode perder a
salvação, mas o texto não quer dizer isso, pois iria entrar em contradição (a
Bíblia não se contradiz) com inúmeros
outros textos que asseguram a salvação eterna para quem a possui, como por
exemplo: “Tudo o que o Pai me dá virá a
mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora” Jo 6.37. “Portanto,
agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam
segundo a carne, mas segundo o espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em
Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte” Rm 8.1,2. A salvação
não depende de nós e sim do Senhor. “Porque
pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus.
Não vem das obras, para que ninguém se glorie” Ef 2.8,9.
A carta à igreja de Sardes termina com o
solene apelo para que se dê ouvido à voz do Espirito que está no meio da
Igreja.
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti
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