A Oração do Pai Nosso (A Paternidade de Deus)
“Pai nosso, que estás nos céus,
santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto
na terra como no céu. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. Perdoa-nos as nossas
dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. E não nos induzas à
tentação, mas livra-nos do mal; porque teu é o Reino, e o poder, e a glória,
para sempre. Amém”.
A oração do Pai Nosso começa nos ensinando que devemos nos
dirigir respeitosamente a Deus como Pai.
Quando se trata da
paternidade de Deus temos que levar em consideração duas coisas. A primeira é a
que trata de Deus como Pai de Jesus. Na Teologia Sistemática encontramos que o
Pai gerou o Filho, e o Filho foi gerado pelo Pai. Essa geração não é aquela que
ocorreu no ventre de Maria por obra e graça do Espírito Santo. No livro de
Salmos (Sl 2.7) encontramos o Pai declarando que o Filho foi gerado por
Ele. “Recitarei o decreto: O Senhor me disse: Tu és meu Filho, eu hoje
te gerei”. Esse hoje é um hoje atemporal, é o hoje eterno de Deus. Que
esse texto é cristológico não temos dúvidas nenhuma, pois ele é aplicado a
Cristo no livro de Hebreus em duas ocasiões (Hb 1.5; 5.5). O próprio
Jesus, em diversas ocasiões, declarou a Sua filiação divina. “Eu e o Pai somos um”. Jo 10.30. (Veja
ainda Jo 5.17,20,37, etc). Assim fizeram também os apóstolos de
Jesus e outros escritores bíblicos. “Porque
a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu
lhe serei por Pai, e ele me será por Filho?” Hb 1.5. (Veja Gl 4.4; 2 Pe
1.17; 1 Jo 1.3, etc.).
A outra área que
queremos enfatizar sobre a paternidade de Deus é aquela definida no Seu programa
redentor, de receber como filhos adotivos aquelas pessoas que creem em
Seu Filho Jesus Cristo.
Eis aí uma das mais
extraordinárias revelações encontradas no Novo Testamento: Deus, graciosamente, resolveu se
constituir Pai daqueles que tem fé em Jesus. “Mas a todos quanto o
receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos que creem no
seu nome” Jo 1.12. Paulo, apóstolo, também fala sobre o assunto em suas
cartas aos Romanos, aos Gálatas e aos Efésios. “E nos predestinou para
filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua
vontade” Ef 1.5. “Para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos
a adoção de filhos. E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o
Espírito de seu Filho, que clama; Abba, Pai. Assim que já não és mais servo,
mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo” Gl 4.5-7. (Veja
ainda Rm 8.15-17).
A paternidade de Deus tem profundas implicações na
vida de seus filhos adotivos. O Pai Celeste tem direito sobre eles em tudo,
inclusive de discipliná-los, quando são infringidas as suas diretrizes. “E
já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu,
não desprezes a correção do Senhor, e não desmaies quando por ele fores
repreendido; Porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe
por filho” Hb 12.5,6.
Essa paternidade ainda quer dizer que temos
em Cristo intimidade com Deus, a ponto de poder chamá-lo de “Abba, Pai”. Essa
expressão denota uma extraordinária intimidade e pode ter o significado em
nossa língua de papai, paizinho.
A paternidade de Deus também nos garante o
Seu cuidado (1 Pe 5.7), a Sua proteção (2 Ts 3.3), as Suas provisões (Fp 4.19),
e a posse, no devido tempo, de uma herança inaudita nos Céus reservada para nós.
Em relação a essa herança nos Céus veja 1 Pe 1.4: “para uma herança
incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros”.
Quando estivermos orando pensemos em Deus
como nosso Pai e curvemo-nos diante dEle com um coração submisso, e procuremos viver de acordo com a sua
vontade, que é boa, perfeita e agradável, pois só assim seremos felizes neste
mundo e na eternidade.
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti.