sábado, 21 de março de 2015

Uma panorâmica sobre Eclesiastes

Uma panorâmica sobre Eclesiastes A vida literária de Salomão como autor inspirado por Deus teve três fases, correspondendo aos três livros que escreveu e que fazem parte do Cânon Sagrado. Cantares pode ser creditado à primeira fase, a de sua juventude. A segunda fase corresponde ao livro de Provérbios que é fruto de uma vida adulta, madura, onde a experiência encontra-se ali retratada, e o livro de Eclesiastes o de sua velhice, onde ele faz uma profunda reflexão sobre o significado da existência do homem debaixo do sol. É bom lembrar também que a vida de Salomão começou bem, mas terminou mal, pois diz a Bíblia que as suas muitas mulheres estrangeiras perverteram-lhe o coração, fazendo com que ele abandonasse o Senhor seu Deus e servisse aos deuses estrangeiros. Depois do seu desvio espiritual e o retorno ao Senhor já na velhice, Salomão escreveu Eclesiastes que é o livro mais filosófico da Bíblia. O capitulo chave do livro é o de nº 12 quando ele descreve, de uma forma simbólica, a degradação da vida humana com o passar dos anos, após fazer um apelo ao homem a se lembrar de Deus na sua mocidade; e o versículo chave é Ec 12.13,14 onde ele diz: “Este é o fim do discurso; tudo já foi ouvido: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é todo o dever do homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau”. Para se compreender o livro de Eclesiastes é preciso considerar que ele foi escrito na perspectiva da vida do homem debaixo do sol, porque se não for assim vamos cair no erro de alguns estudiosos bíblicos de não considerá-lo inspirado por Deus. É bom lembrar também que esse livro foi escrito por um sábio com o objetivo de ensinar aos seus leitores sobre a brevidade da vida, sobre a futilidade de viver em função das coisas que o mundo oferece e desprezar a Deus. Nessa perspectiva, esboçando o livro podemos dividi-lo em duas partes. A primeira parte trata da Futilidade de procurar o significado da vida sem Deus (caps. 1-6), e a segunda parte trata da Felicidade de achar o significado da vida com Deus (caps. 7-12). Os temas dos capítulos são identificados a seguir: Capitulo 1 – Futilidade da mera sabedoria natural; Capitulo 2 – Futilidade do prazer e do lucro; Capitulo 3 – Futilidade do desprezo à eternidade; Capitulo 4 – Futilidade da extrema labuta e do sucesso; Capitulo 5 – Futilidade da religião vazia e das riquezas; Capitulo 6 – Futilidade das meras realizações terrenas. Os temas dos capítulos da segunda parte são os seguintes: Capitulo 7 – O Valor da formação do bom caráter; Capitulo 8 – Responsabilidade do bom cidadão; Capitulo 9 – Necessidade de considerar a vida em função da morte; Capitulo 10 – Necessidade de sabedoria para viver; Capitulo 11 – Necessidade de semear sabiamente para colheita futura; Capitulo 12 – Necessidade de lembrar-se de Deus nos dias da mocidade. Apesar de aparentemente ser um livro pessimista, nele se encontra uma ênfase sobre a alegria de viver dentro de uma perspectiva divina. “Ele é o livro do Antigo Testamento que mais apresenta conselhos para que homens e mulheres tenham prazer na vida. Quem tiver uma divina perspectiva de vida, é chamado a regozijar-se em todos os seus aspectos” (Ellisen, Conheça Melhor o Antigo Testamento). O livro ainda enfatiza a soberania divina na vida do ser humano em diversas áreas. Deus cumpre o seu propósito na vida dos homens, inclusive utilizando-se dos ímpios para essa finalidade. Essa soberania é identificada pelo uso do nome de Deus “Elohim” mencionado 40 vezes. Esse nome enfatiza a soberania e o poder criativo de Deus. Outra ênfase encontrada no livro é aquela que se refere à eternidade e ao julgamento divino depois da morte. O homem não é composto só de matéria, mas também de uma alma imortal. O corpo se desfaz no pó da terra por ocasião da morte e a alma se projeta na eternidade. Deus julgará o homem no devido tempo. Diante dessa revelação, o sábio orienta as pessoas a gozar a vida com responsabilidade e a lembrar-se de Deus na sua mocidade. Quanto a Cristologia, o livro tem poucas referências a ela. Cristo é retratado como o único pastor, o bom pastor, e a verdade. Nas festividades israelitas, Eclesiastes era lido, anualmente, na festa dos Tabernáculos. Pr. Eudes Lopes Cavalcanti

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